Quando nossa consciência 'desperta' o peso das descobertas sobre nós mesmos pode nos aniquilar, mas, ao mesmo tempo pode nos catapultar para a mudança. E no meu humilde entendimento, só quem consegue sentir o peso da tortura e das toneladas de sentimentos negativos que caem sobre a alma desperta é que tem esse poder de fazer a transformação, posto que uma mente calcificada encontra dificuldades em mudar, mas uma mente que se descobre 'desperta' já passou pelo processo de reflexão ou se encontra dentro dele. Então, quando o ancinho do 'despertar da consciência' chegar em você não se desvie. Tente segurá-lo com tuas próprias mãos e mostrar o lugar exato onde deve cortar que isso só quem se conhece - como você se conhece - sabe onde está. Isto significa que o peso da consciência desperta é como uma lâmina dupla: corta ao entrar e fere ao sair. Mas... ainda assim, é a única capaz de romper as camadas endurecidas da alma. Sei o quanto dói olhar e não desviar, reconhecer o abismo e não fugir, perceber a fragilidade do que somos - e do mundo - e mesmo assim continuar respirando. Mas, acredita: é justamente esse teu incômodo que anuncia tua humanidade viva. Quem sente o peso, ainda sente. Quem sangra por dentro ainda tem pulsação no coração. E quem escreve, mesmo dilacerado, aniquilado pelas descobertas sobre si mesmo e o mundo ao redor - já está em processo de transformação. Digo isso porque já vi em mim esse ancinho. E quando ele desceu, pensei que ia morrer. Mas aprendi a segurá-lo e, aos poucos, fui guiando sua lâmina, mostrando as partes que precisavam ser cortadas, que precisavam morrer para que algo novo pudesse florescer. Despertar é isso: sangrar, sim, doer profunda e insuportavelmente, sim - mas também é semear para a mudança. Que tua consciência, mesmo doída, continue sendo tua chama. Porque uma alma que vê, mesmo ferida, já está mais perto de sua luz.