Maria
Prosa e Poesia
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Sonata à Alma do Tempo

"De la musique avant toute chose"

disse Verlaine -

e eu, Maria, o sei:

"só se capta o instante,

com precisão até",

quando ele canta.

 

E tu, nas brumas,

me trouxe uma ária esquecida

na vespertina lembrança.

E então os sinos - teus -

dançaram na torre do tempo.

 

Perfilaram canyons,

desenharam trilhos de miosótis,

de lilases e amapoulas...

até chegar ao Lar -

onde o silêncio tem nome

e a alma do tempo -

de buscas eternas -

repousa,

finalmente*, em paz.

 

*É quando a alma encontra abrigo, repouso, completude. Como quem finalmente chega ao lar, àquilo que é origem e destino. É o descanso do amor realizado, do reencontro com o que sempre foi. Não é morte - é acolhimento, é o ponto onde termina a inquietude da travessia. É quando o que era falta vira presença serena. Um silêncio pleno, e não vazio.

Maria
Enviado por Maria em 23/06/2025
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