"De la musique avant toute chose"
disse Verlaine -
e eu, Maria, o sei:
"só se capta o instante,
com precisão até",
quando ele canta.
E tu, nas brumas,
me trouxe uma ária esquecida
na vespertina lembrança.
E então os sinos - teus -
dançaram na torre do tempo.
Perfilaram canyons,
desenharam trilhos de miosótis,
de lilases e amapoulas...
até chegar ao Lar -
onde o silêncio tem nome
e a alma do tempo -
de buscas eternas -
repousa,
finalmente*, em paz.
*É quando a alma encontra abrigo, repouso, completude. Como quem finalmente chega ao lar, àquilo que é origem e destino. É o descanso do amor realizado, do reencontro com o que sempre foi. Não é morte - é acolhimento, é o ponto onde termina a inquietude da travessia. É quando o que era falta vira presença serena. Um silêncio pleno, e não vazio.