Maria
Prosa e Poesia
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Elegia às Letrilhas de Góngora

Não sei medir o pulsar que me devora,

pois não se pesa o abismo em claridade.

O peito é catedral, que o tempo doura,

mas sangra incenso em sombra e eternidade.

 

Ali o verbo em silêncio se aprimora,

tecendo véus de bruma e ambiguidade.

Cada batida, em mim, se transfigura

em rito santo, em luz de tempestade.

 

Pois sei: a dor é harpa que me acende

e o amor - relâmpago em minha clausura -

não se conjuga: vive, arde, transcende.

 

E ainda que a alma em lágrimas murmure,

no claustro da esperança ele resplende:

coração barroco em ânfora de escultura.

Maria
Enviado por Maria em 24/06/2025
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