Não sei medir o pulsar que me devora,
pois não se pesa o abismo em claridade.
O peito é catedral, que o tempo doura,
mas sangra incenso em sombra e eternidade.
Ali o verbo em silêncio se aprimora,
tecendo véus de bruma e ambiguidade.
Cada batida, em mim, se transfigura
em rito santo, em luz de tempestade.
Pois sei: a dor é harpa que me acende
e o amor - relâmpago em minha clausura -
não se conjuga: vive, arde, transcende.
E ainda que a alma em lágrimas murmure,
no claustro da esperança ele resplende:
coração barroco em ânfora de escultura.