Amor que arde em sombras recolhido,
No seio oculto da alma que padece,
É chama em gelo, um bem desconhecido,
Que ao mesmo tempo inflama e desfalece.
Suspira em véus, num peito consumido,
E a própria dor, de ser, lhe adormece.
Vive do sonho, nunca possuído,
E morre em paz, na ausência que enobrece.
No céu almeja o toque das estrelas,
Mas cai à terra em prantos e saudade;
Quer asas brancas, mas arrasta as telas.
Assim os sós, em tênue claridade,
Amam em dores doces e tão belas,
Que a luz se curva à sua escuridade.