Também já vivi desses tempos em que dores, sofrimentos e tristeza me seguiam em bando, silenciosos como almas impuras e sem luz. Suas faces pálidas pairavam no ar sob a luz do inconsciente, do mistério e da melancolia, como uma lua pálida num céu nebulado de medos interiores. E essa tristeza coletiva e silenciosa me seguia como uma procissão de sentimentos - sombrios -, envolvendo a alma, o espírito, o corpo... Mãos frias, faces pálidas, eram como estátuas brancas, corpos imobilizados pela dor. Espreitavam-me num jardim de sofrimentos, envolvidos nessa tristeza antiga, ancestral e profunda que até hoje te/me fere a alma. Tal mão embalou-me a dor enquanto tecia minha púrpura mortalha: na parte mais íntima da dor - a do abraço do vazio, do fim da esperança, do vazio suspenso no tempo, a alma entregue aos suspiros tímidos e ao medo, às sombras que caminham lentamente por espaços silentes de uma agonia contida, espectral, ancestral, onde só reza o silêncio e o vago, o nada do tempo e do vento.