Nas horas sozinhas,
nos tempos de solidão,
sem toque, sem luzes ou cores,
a alma divaga
por entre pensamentos
acerbos
e lágrimas partidas
pela pálida face.
Não sei parlear com o silêncio,
nem bordejar
com a saia da avó, não sei.
Não sei achar um jardim
de orquídeas e amapoulas
para os olhos brilhar...
Engulo as horas sozinhas
como quem mastiga facas
e me esquivo do silêncio que o Poeta faz...
Sou o Dedo de Agulha
a costurar sóis sem rosto,
pontes de cimento calado e sozinho...
Nas horas sozinhas,
nos tempos de solidão,
sem toque, luzes ou cores,
a alma divaga
por entre pensamentos acerbos
e lágrimas partidas pela pálida face.