É um grito da alma.
Carrega em si a vastidão
de um céu encoberto,
onde brilha a ausência
e o silêncio profundo.
Respiro o ar rarefeito
onde o tempo e o espaço
carregam o sagrado de dentro,
da voz que busca
o que não se pode tocar:
o raio sem morada,
a luz sem repouso,
o Sol - amoitado de medo da Flor.
O que falta não é banal,
é entidade viva,
deixa espinhos quando se vai,
fere o peito quando se cala...
e como se cala... cala vozes,
sufoca esperanças...
Por isso, vivo nas bordas do tempo,
pendurada em gruas de instantes,
tentando agarrar o impossível:
a presença de quem partiu ou - de mim,
como um segredo bem guardado -
fugiu... se escondeu.