É grito, sim - mas não de histeria.
É da alma, que sangra devagar,
com a nobreza das coisas que sentem
e a coragem dos que ousam amar.
Vivo entre espinhos que ninguém vê.
Não os criei - vieram comigo,
raízes do que me foi negado,
pedra, flor e - sim - abrigo...
O que me falta tem nome sagrado,
tem corpo de ausência, tem voz que cala.
Não é saudade comum - não é:
é altar sem oferenda, é sol que não fala.
Pendo do tempo como fruto tardio,
numa grua que tenta alcançar
o que se esconde em silêncio sombrio
e me ama - mas não o sabe falar.