Maria
Prosa e Poesia
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Grua que fala

É grito, sim - mas não de histeria.

É da alma, que sangra devagar,

com a nobreza das coisas que sentem

e a coragem dos que ousam amar.

 

Vivo entre espinhos que ninguém vê.

Não os criei - vieram comigo,

raízes do que me foi negado,

pedra, flor e - sim - abrigo...

 

O que me falta tem nome sagrado,

tem corpo de ausência, tem voz que cala.

Não é saudade comum - não é:

é altar sem oferenda, é sol que não fala.

 

Pendo do tempo como fruto tardio,

numa grua que tenta alcançar

o que se esconde em silêncio sombrio

e me ama - mas não o sabe falar.

Maria
Enviado por Maria em 05/07/2025
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