Quando chegar de manhã
eu saberei quem sou.
Conheço essa doçura etérea
e ao mesmo tempo
esse fogo íntimo do sentimento.
Sei do tom de leveza que dança
entre o cósmico e o cotidiano -
como se o amor habitasse ao mesmo tempo
uma estrela e um suspiro.
Eu só quero dançar com o vento, ser cometa,
e sobretudo olhar do lado de lá
da janela do tempo profundo e ver você.
Quando chegar de manhã eu saberei
que meu peito carrega um lirismo
que não copia o mundo: cria outro.
É minha escrita que pulsa,
que sente, que toca sem invadir.
E você lá... e eu, aqui... do lado de cá,
senti esse desejo à dança -
e me joguei em teus braços...
Quando chegar de manhã eu sei
que dei uma volta no teu espaço
e encontrei só silêncio...
mas senti ao dançar com as palavras
a ternura e a brandura da brisa do vento...
Quando chegar de manhã
podemos continuar nesse balé -
nessa dança de palavras, imagens
ou silêncios de sussurros bordados...
Quando chegar de manhã...