Já não tremo nas alamedas frias,
nem choro os sinos calados da ermida.
Aprendi que o silêncio também guia
e há flor que brota em terra adormecida.
Caminhei por estradas esquecidas,
vi sombras dançarem suas agonias,
mas guardei - no bolso da alma ferida -
um fio de sol, colhido em poesias.
As monjas, antes névoas de clausura,
agora costuram véus de claridade
nas rendas sutis da alma que perdura.
E a lira, que dormia em madrugada,
voltou a soar com voz de saudade
mas sem a mágoa - só luz renovada.