Também queria caminhar tocando liras
na solidão de uma estrada esquecida,
enquanto a morte caminha -
lentamente - em minha direção.
Não quero canções tristes ecoando
sem destino ou lembrança na travessia da vida.
Há dor na alma, sim, e por ela caminho,
mas não desabitada de mim...
Levo em mim o mistério e a transcendência
da ancestralidade do tempo
e não me encolho diante
o tom sombrio e solitário da vida.
Há, sim, beleza na atmosfera densa
da contemplação do luto, no silêncio,
no esvaziamento do ser
que se embebeu de saudade e dor
transmutando-os em caminho,
em palavra viva, em gesto
de esperança íntima.
É assim que a Poeta borda luz
pelas frestas da clausura íntima.