Todo Azulzinho
Estou meio perdida, sem palavras,
sem direção.
Acho que rodo, rodo
e fico tonta com meu próprio girar.
Por isso não sei o que fazer.
Hoje viajei por aí,
procurando um lugar para mim.
Vi muita coisa linda.
Outras feias de morrer.
Foi de arrepiar.
Coisas sem sentido,
sem nexo, sem pé, nem cabeça.
Queria visitar o tal poeta
das lápides de túmulo centenário.
Não tive coragem.
Fui visitar sua amiga.
Mas acho que me dominava
um sentimento de
"não vou gostar de nada",
por estar magoada.
Então mesmo que fosse lindo,
estava fechada para o gostar.
É duro confessar isso mas foi assim.
É maldade demais eu sei,
mas o que eu vou fazer?
A gente sente, sente,
não tem como mentir que não sentiu.
E eu sempre primei
por dizer o que sinto,
o que penso, falar a verdade.
E não quer dizer que não minta também.
Minto sim, mas em geral
não consigo ficar muito tempo
segurando a mentira.
E minto muito para mim mesma.
Tento me enganar com mentiras,
para não encarar a verdade.
É e sei, você deve estar dizendo:
"Mas tem coisa que você não conta".
É, é verdade,
mas não é que estou mentindo,
estou omitindo.
Ou é a mesma coisa?
Meu Deus! Se for a mesma coisa
então tenho de dizer a verdade.
E agora?
Ai, por que fui falar isso?
Por que fui pensar nisso?
Agora isso vai ficar me corroendo a alma.
Já não chega tudo o que me maltrata
agora mais isso?
Viu o que deu vir aqui?
Foi só começar a falar
e lá já começa a confusão.
É, pode suspirar. Sou eu.
A mulher enrolada, embrulhada,
atrapalhada e confusa.
Sou eu.
Pessoa mais cheia de nó eu nunca vi.
Alguém sabe desamarrar nó por aí?
Será que o sol sabe?
Bem que podia estender um raiozinho
e queimar os nozinhos das minhas cordas,
soltar elas todinhas.
Mas então... nem quero pensar...
com este jeito tufão de ser...
Íamos rodar igual furacão.
Faríamos uma tempestade de luz e vento.
E o mundo ficaria azul.
Azulzinho, azulzinho.
Maria
Enviado por Maria em 11/02/2008