Quantas vezes não metemos os pés pelas mãos diante de situações sobre as quais descobrimos não ter o controle total? Acho que essa realidade não foge de ninguém.

E nem sei dizer o que sinto,
o que vai aqui dentro,
o que grita.
Fico procurando
a palavra certa
para expressar,
mas não encontro.

Talvez seria mais fácil
dizer a primeira
que vem na cabeça
mas parece que é incompleta,
não é forte o suficiente.

E agora uma lágrima
desceu em minha face.
Bem grossa, bem forte.
Desceu quietinha,
mas rápida e quente.

Uma lágrima que não sei,
teima em sair dos olhos
devido a emoção
que sinto ao falar.

É que fico revivendo tudo
o que vivi e me bate uma dor,
um desespero.
Não consigo aceitar
e não acho justo.

E queria que tivesse um culpado
que não eu mesma para tudo isso.
E quando penso eu vejo a verdade.
Nesse tempo todo,
desde a minha descoberta,
na verdade, nunca pude
viver o que sentia.

Porque quando eu queria vivê-lo,
o sol sumia ou estava triste
e quando surgia
eu metia os pés pelas mãos
e me enrolava
em brigas e confusões.

Na verdade nunca houve
um momento de sintonia.
Nunca.
E não que não era possível,
pois o tempo quem fazia
éramos nós, mas porque
acho eu, um de nós
não queria mesmo.
E tenho certeza
de que não era eu.