Maria
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A Morte Da Pobreza
Vi, faz tempo, cenas que me chocaram e me ensinaram mais uma vez a importância do amor, da solidariedade, de estender um braço para fora dos nossos portões e enormes muros de proteção.

Um pai e uma mãe chorando diante das câmeras de televisão a morte de seu filhinho, de poucos dias de vida. Moravam num casebre, num barraco tão paupérrimo, que os olhos doiam, só de olhar.

Não havia saneamento básico, nem energia elétrica. Isso, em pleno século 21, e numa cidade que gaba tradição e esplendor da riqueza.

Como não tinham banheiro, para urinar à noite, usavam um balde que ficava ao lado da cama.

Durante aquela noite, o pai levantou, estendeu a mão para ver se estava tudo bem com o filhinho e não o encontrou no berço.

Tateou, tateou e nada.

Acendeu um lampião e para sua dor e desespero, encontrou o filhinho afogado, dentro do balde de urina.

Que dor! Meu Deus, que dor!

Meu coração rasgou-se em milhões de pedaços e gemeu seu choro junto com aquele pai e aquela mãe. Que dor! Que desespero!

Este é o nosso País. Esta é a vida de tantos e tantos brasileiros.

E o que fazem nossos políticos? O que fazem aqueles responsáveis, como eu também, pela implantação e implementação de políticas que garantam a segurança, a vida, a conquista da cidadania plena?

O que nós estamos fazendo? Olhamos incrédulos e até medrosos, a televisão trazer para dentro de nossas casas, essa violência à beleza, essa afronta à nossa vida calma e elegante?

Será que isto pega?, perguntamos. Será que isto passa? Será que não dá azar até pensar numa situação dessas?

Meu Deus! Tem misericórdia de mim quando lamento o sabor da água, a cor do mamão, a dureza da carne. Ah, tem misericórdia de mim quando me deixo levar por minhas vaidades.

E tem piedade Senhor, deste povo que infelizmente não tem mais forças de lutar e foi abandonado pelo governo, pelas políticas públicas essenciais à garantia da vida e do direito à cidadania.

Tem piedade Senhor, e dá Tu, o que eles precisam, porque nós... nós não sabemos mais compartilhar.

Maria
Enviado por Maria em 09/03/2008
Alterado em 09/03/2008
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