Sabe o que queria agora?
Morrer. É. Morrer
para nascer um embrião
outra vez.
Então, queria,
mais uma vez nascer.

E quem sabe então,
eu poderia antes de nascer,
me ensinar a viver.
Porque eu vejo
que não aprendi.

Com toda minha
experiência de vida,
oito séculos nos costados,
com tudo o que já tinha
me acontecido de ruim,
de trágico, eu pensei
que saberia decidir
meus caminhos
para longe da dor,
do sofrimento,

mas sabe, ensinei
e ensino isso
a tanta gente
- e que lástima -,
que pecado,
esqueci
de me ensinar.

Esqueci de mim.
Não fiz o dever de casa
e agora estou aqui,
numa manhã,
querendo fugir do mundo,
dos dois, do real
e do imaginário.

Os dois doem no momento.
Um, porque falta algo,
e o outro, porque sobra tudo.
É muita falta de sorte,
ou seja lá como se diz isso.

Azar? Não sei.
Nem precisa saber
quando você sente.
Nem precisa saber.
Sentir já é suficiente
quando dói assim.